Infelizmente, eu não tive tempo de postar a Parte II do especial por vários motivos que não precisam ser citados. Inclusive, peço IMENSAS desculpas pra quem ficou esperando pela Parte II, e prometo que não haverá mais atrasos quanto às próximas partes. Enfim, aqui estamos! Depois de ter contado um pouco da história do POP desde o fim dos anos 50 até o fim da década de 70, é hora de não só entrar na década de 80, como também entrar na década mais influente da música pop. Começa aqui a parte II, dos “50 álbuns que definiram o POP”:
Barbra Streissand – Guilty (1980)
Sucesso no cinema e na música, a cantora romântica vencedora do Oscar e do Grammy, resolve se juntar a Barry Gibb, vocalista dos BeeGees, para mostrar o seu lado mainstream, ou seja, POP.
Após vivenciar um estrondoso sucesso nos cinemas e nas rádios com baladas românticas ao estilo ‘Broadway-alike’, Babra mergulha no pop com o álbum “Guilty”. O som adulto-contemporâneo sai de cena e dá espaço às faixas radiofônicas, bem harmonizadas e produzidas, tais como, “Promises”, a faixa-título “Guilty” e o grande hit do álbum que se tornou uma das mais famosas assinaturas de Barbra, “Woman In Love”. O sucesso de “Guilty” teve sua importância para as influências de inúmeras cantoras da atualidade, se estendendo desde Mariah Carey até Christina Aguilera. Ultrapassando a marca de 20 milhões de cópias e, sendo o disco mais vendido de Barbra, “Guilty” recebeu indicações ao Grammy na categoria de Álbum do Ano, além de servir como cartilha de arranjos dos álbuns pop que seriam lançados a partir de então. “Guilty” é considerado um dos melhores álbuns da fase pós-discoteca do pop.
Visage – “Visage” (1980)
Depois da grande influência da disco-music, o pop a partir da metade de 1980 começa a criar uma nova imagem, totalmente diferente daquela que dominava as paradas nos anos 70. Bebendo da água do rock e aderindo ao som futurístico dos sintetizadores, surge o new-wave/synthpop, ao passo em que se vê lançado um de seus mais brilhantes percursores, o álbum de estreia e homônimo da banda britânica Visage.
O synthpop/new wave foi o gênero que mais obteve seguidores no cenário pop dos anos 80. Os sons do gênero misturavam riffs de guitarra, com instrumentos eletrônicos e sintetizadores, criando um som bem diferente daquele que ditava moda na década passada, e o álbum “Visage” é um dos melhores exemplos do gênero, sendo a banda Visage, considerada uma das pioneiras do estilo. Em “Visage”, o som eletrônico traz uma vibe totalmente futurística às músicas do grupo, a exemplo “Tar” e o hit “Fade To Gray”. A faixa “Fade To Gray”, por mais que tenha sido brilhantemente produzida em 1980, até hoje continua soando contemporânea, assim como o álbum “Visage” que tem ganhado a admiração dos críticos pela sonoridade extremamente atemporal, dando a banda reconhecimento pela forma artistísca de se apresentarem e de produzirem as músicas, algo não tão comum na época. “Fade To Gray” contava com um clipe que misturava pop-art com uma vibe meio sombria, seguindo perfeitamente a cartilha da faixa, tornando a música um hit em toda Europa e no mundo (apesar de não ter sido trabalhada nos EUA), sendo hoje em dia usada em samples de vários artistas contemporâneos como Kylie Minogue. O álbum “Visage” vendeu cerca de 3 milhões de cópias no mundo todo (número considerado bastante satisfatório para uma banda Europeia sem divulgação nos EUA), e é considerado, junto com outros nomes na mesma época, como Talking Heads e Ultravox, responsáveis por mostrar o new-wave para o mundo, ajudando a definir a sonoridade pop dos anos 80.
The GoGo’s – “The Beauty and The Beat” (1981)
E o rock volta a dar as caras aqui, mas dessa vez com um toque mais feminino. Isto porque, em 1981 surgia uma das primeiras e mais influente banda de pop-rock composta só por… mulheres! Em 1981 chegava às lojas, acompanhado de muita atitude e personalidade, o álbum “The Beauty and The Beat” da banda de garotas pra lá de “cool”, The Go Go’s. A banda formada por 5 garotas foi uma verdadeira febre no começo da década de 80. Cheias de atitude, super descoladas, e bem autênticas, as Go Go’s, conquistaram a América com hits como “Our Lips Are Seleaded” e o hit de rock, considerado uma das melhores músicas do pop/rock, “We Got The Beat”. O álbum “The Beauty and The Beast”, vendeu cerca de 7 milhões no mundo todo, inovando ao ser a primeira banda de pop/rock composta por mulheres. As garotas do The Go Go’s tinham um estilo próprio, exclusivo que as diferenciavam das demais. Belas e jovens garotas com uma vibe rock e um som super divertido, abriu caminho para que outras bandas semelhantes surgissem na década de 80 como as Bangles, e o trio Bananarama e, até as futuras bandas de pop compostas só de garotas que, apesar de não terem nada de rock, tinham sua “raiz” nas GoGo’s (como as Spice, por exemplo), já que a influência das meninas não se limitava só à música, se estendendo desde o estilo à atitude.
Hall & Oates – “Private Eyes” (1981)
Dando continuidade à era pop pós disco-music, a dupla Daryl Hall e John Oates já tinham atingido o sucesso com alguns hits na década de 70. Entretanto, em 1981 chegam para dar gás ao new-wave, no àpice de sua criatividade artística com o álbum “Private Eyes”. O disco contou com uma excelente produção que fazia uma mistura embalada por um toque de new-wave, de R&B/Soul com uma pegada meio rock e soft-pop. O uso de sintetizadores se mistura aos contagiantes riffs de guitarras, como na faixa título “Private Eyes”, que possui um videoclipe simpes, com a dupla vestindo trajes de detetives, virando sensação na MTV. Além disso, o álbum “Private Eyes” vinha com a perfeita fusão do soft-pop com a música Soul contemporânea. A faixa “I Can’t Go For That” além de alcançar o #1 no Hot 100 dos EUA, é até hoje uma das mais usadas para sample, alcançando um feito raro, o topo nas paradas R&B, já que a dupla é considerada um “white act” (no português, o que agente entende por… artistas brancos). Marcando a década de 80, Hall & Oates, ainda iriam fazer bastante sucesso até o final da década com seus álbuns sucessores, mas é com “Private Eyes” que eles atingem sua excelência musical e influência pra música pop, servindo de modelo para os hits de artistas posteriores.
Olivia Newton John – “Physical” (1981)
Cantoras femininas como Donna Summer, a qual deu toques de sensualidade aos seus hits tais como, “I Feel Love” e “Love To Love You Baby” já faziam sucesso nas rádios desde os anos 70. Contudo, é em 1981 que o sex-appeal feminino deixa de marcar presença só na música, passando a definir a imagem e atitude do artista. Muito prazer leitor, vos apresento “Physical” de Olivia Newton John. Olivia que antes já havia conhecido o sucesso com singelas e inocenetes baladas românticas com um pé no folk-country, estoura de vez no mundo todo com o sucesso dos filmes ‘Grease’, o qual protagonizou ao lado de John Travolta em 78 e “Xanadu” em 1980. Mas, depois de já ter mostrado um pouco de sensualidade com o álbum “Totally Hot”, é agora, em 1981, com “Physical” que Olivia usa o femme-fatale além da música, definindo todo um conjunto. Os hits do álbum “Make A Move On Me”, “Physical” e “Landslide” possuíam uma sonoridade bem mais agressiva que os singles anteriores de Olivia, mostrando sua faceta sexy nos vocais e nas performances. A faixa título “Physical”, muito antes de Madonna, causou polêmica pelo seu teor sexual, e chegou a ser banida em algumas rádios da época. Além disso, a controvérsia de “Physical” aumentou com o polêmico video-clipe que mostrava Olivia como uma instrutora de academia que, ao cuidar dos gordinhos e deixa-los com o físico perfeito, eles acabavam dando a entender que também viraram gays.
O final do vídeo foi trocado pela MTV e outros canais da época, considerando a dupla interpretação do final abusiva demais. Contudo, nada disso impediu que o vídeo de “Physical” fosse um verdadeiro sucesso, lançando moda nas academias com o figurino de Olivia, e rendendo a sua intérprete uma indicação ao Grammy na categoria de Melhor Vídeo Curto. “Physical” também foi a música da década de 80, ficando longas 10 semanas em #1 no Hot 100 da Billboard e fazendo do álbum o mais vendido de Olivia, alcançando a marca de 11 milhões de cópias no mundo todo. Além de inovar usando a sensualidade além da música, Olivia também foi a primeira artista a fazer uma coleção de vídeos com todas as músicas do album, e ainda 3 hits anteriores, lançando em VHS e rendendo a ela outra indicação ao Grammy por Melhor Coletanea de Vídeo. “Physical” foi um álbum controverso e influente, iniciou na trilha sex-appeal a ser seguida por Sheena Easton, Debbie Gibson, Samantha Fox, e até mesmo no começo da carreira de Madonna, antes dela firmar sua imagem própria e reinventar o uso desse ‘femme-fatale’. Sucesso nas charts e na crítica, “Physical” foi o principal percursor do estilo sexy-pop que seria seguido pelas cantoras sucessoras e principalmente pelas atuais.
Prince – “1999” (1982)
Prince é um dos nomes mais significativos do pop e, apesar de já ter se tornado conhecido com o álbum de 1981, “Controversy”, é apenas em 1982 que ele se encontra artisticamente e lança a pérola do pop “1999”. Com um som new-wave mas, com forte pegada de rock e R&B/Soul, depois de Michael Jackson, Prince pode ser considerado o artista masculino que mais contribuiu para formular o pop dos anos 80 e até o pop de hoje. Com o álbum “1999”, Prince mostra todo seu estilo extravagante e pra lá de ousado, virando febre e lançando hits que são verdadeiras jóias do pop como “Little Red Corvette”, “Delirious” e a faixa-título “1999”. O álbum é considerado o mais influente de Prince, ao lado de “Purple Rain” (1984), sendo o principal modelador do Minneapolis Sound (uma mistura maluca de rock, new-wave/synthpop, R&B com o funk) que serviu para definir a sonoridade musical na década de 80 até inicio dos anos 90, chegando até a ajudar na criação de um padrão a ser seguido por outros gêneros mais distantes como a música eletrônica e o dance techno. Prince era conhecido antes de “1999”, mas foi aqui que ele ganhou projeção mundial. Chamou a atenção com seu estilo performático único e pela ousadia de suas letras, como a faixa-título “1999”, que é um protesto sobre a proliferação das guerras nucleares e “Little Red Corvette” que relata uma noite de um cara com uma garota promíscua, recheada de metáforas sexuais ao longo de seus versos. “1999” também foi o primeiro álbum de Prince com sua banda de apoio “The Revolution”, e com vendas de 9 milhões de cópias no mundo todo. Com toda certeza, é um álbum essencial para a história do pop.
Michael Jackson – “Thriller” (1982)
5 palavras são suficientes para definir a magnitude da obra-prima máxima do grande Rei do Pop, “Thriller”: Maior álbum pop da história. Vários fatores que fazem de “Thriller” não só o maior álbum pop de todos os tempos, mas, um dos principais discos que definiram a história da música geral, graças às suas vendas monstruosas (álbum mais vendido de todos os tempos, com vendas estimadas em 85-110 milhões de cópias), até a sua perfeição estética que remodelou o jeito de se fazer música. Produzido por Quincy Jones e por Michael, “Thriller” possui uma técnica estrutural simplesmente perfeita. Cada instrumento do álbum possui uma perfeita harmonia com as melodias contagiantes e suas composições malucas, autênticas e extremamente POP. Além da produção, “Thriller” foi responsável por revolucionar as rádios, a TV e os palcos, trazendo vários trunfos para Michael. Em uma apresentação ao vivo do clássico “Billie Jean”, no show de 25 anos da Motown, Michael executou pela primeira vez sua mais famosa assinatura, o Moonwalk, um passo típico de break/free-style que se tornou, nos pés de Michael, um dos maiores símbolo do pop.
“Thriller” também fez de Michael o primeiro artista negro a tocar em circuito mainstream nas rádios de rock com a faixa “Beat It”. Também foi o primeiro artista negro a ser executado com grande frequência pela MTV com o clipe de “Billie Jean”. Seu álbum foi recordista de indicações ao Grammy e Michael o recordista de vitórias em uma só noite – 14 indicações e 8 vitórias. Michael passou a ser um marco na história do video-clipe, com o lançamento de um minifilme de 13 minutos para faixa título “Thriller”, que contava com uma eletrizante sequência de dança de zumbis, misturada com um pequeno enredo de suspense, onde ele se transforma em um lobisomem, assustando sua namorada. Considerado o maior videoclipe da história, devido a todo seu impacto criativo e cultural, Michael Jackson ajudou a construir a geração MTV dos anos 80. Sua música e seu trabalho como artista, além de consagrá-lo como um dos maiores visionários da música, fez dele o Rei do Pop. “Thriller” e todos os seus feitos explicam porque a música pop pode ser dividida em duas: Pré-Michael Jackson e Pós-Michael Jackson.
A Flock Of Seagulls – “A Flock Of Seagulls” (1982)
Embalado pela onda new-wave e pelo synthpop, o rock encontra uma fusão perfeita com o som psicodélico de guitarras elétricas e sintentizadores, dando vida a um dos melhores álbuns do pop new-wave da música, o álbum homônimo da banda A Flock Of Seagull. Em “A Flock Of Seagulls” acontece uma verdadeira viagem de 40 minutos ao longo de suas 10 faixas. O som da banda era neurótico, hipnotizante, riffs de guitarras extremamente eletrizantes, uma vibe futurística sem igual, e um visual pra lá de excêntrico, como os famosos penteados do vocalista Mike Score. A faixa “I Run (So Far Away)” é hit em cada canto do mundo, sendo uma das músicas que ajudou a dar uma sonoridade atemporal ao new-wave usando influências desde o som urbano que rolava no Oriente, até os filmes de ficção científica, estabelecendo um tom futurístico ao álbum e acrescentando notas de sintetizadores e sons espaciais. A faixa “Space Age Love Song” é um exemplo da arte presente no álbum “A Flock Of Seagulls”, que parece contar uma história maluca durante suas faixas. “I Run (So Far Away)” alcançou o top 10 no mundo inteiro, inclusive nos EUA, dando à banda o status de Platina, e ganhando infinitas versões, sendo regravada até no Brasil. A faixa “D.N. A” ganhou o Grammy de melhor faixa instrumental de Rock, sendo aclamada pela crítica, devido à criatividade da banda na produção e uso dos instrumentos para composição de cada faixa. “A Flock Of Seagulls” vendeu cerca de 4 milhões no mundo todo, lançou hits, moda desde o som até os penteados da banda e, é uma parte marcante e criativa do pop/rock até hoje.
Culture Club – “Colour By Numbers” (1983)
A década de 80 é considerada um dos períodos mais alegres da música pop e, com a chegada do Culture Club e o segundo álbum de estúdio da banda, “Colour By Numbers”, comandada pelo vocalista que se vestia de forma feminina, Boy George, essa afirmação se faz mais que uma verdade absoluta. O visual de Boy George era no mínimo excêntrico para a época, colorido, andrógeno e cheio de atitude. Com esse estilo no mínimo inovador no pop e no rock, George, com cabelos trançados, maquiagem para realçar traços femininos e um jeito delicado que caiu nas graças dos públicos conquistando as rádios e a geração MTV, serviu de inspiração para vários nomes desde a banda britânica Dead Or Alive, até nomes mais recentes como a cantora Lady GaGa, que tem uma leve inspiração nesse estilo andrógeno de Boy nos anos 80. Com os hits autênticos “Karma Chameleon”, “It’s a Miracle” e “Miss Me Blind” dominaram as rádios, a MTV e a mídia. O estilo autêntico da banda chamava a atenção e fazia sucesso com o público. Colorido, divertido, contagiante, descontraído, era assim o som do álbum “Colour By Numbers” que vendeu 10 milhões de cópias no mundo todo, levando o Culture Club a ser um dos artistas que mais representaram a música no cenário pop dos anos 80. As músicas da banda eram uma mistura de vários estilos, desde o reagge, até o R&B. Enquanto isso, Boy George era uma mistura do visual dos caras do Kiss com o roqueiro David Bowie, só que em uma versão delicada e “afeminada”, transformando-o também em um símbolo pop.
Cyndi Lauper – “She’s So Unusual” (1983)
“Garotas só querem se divertir”. A afirmação, título do hit de abertura dessa pérola pop, é a frase perfeita pra definir o life-style da maluquinha de cabelo bicolor que se tornou peça chave na música pop com seu album de estréia “She’s So Unusual”, Cyndi Lauper. A faixa “Girls Just Wanna Have Fun” é a marca representativa de “She’s So Unusual”. A faixa conseguiu ser #1 no mundo todo, rendendo a sua intérprete várias indicações ao Grammy e se tornando um dos maiores hinos do pop. A personalidade explosiva e divertida de Cyndi, casados com seu estilo original, fizeram dela uma das figuras mais representativas do pop, servindo como uma inspiração para diversos artistas até os dias de hoje. “She’s So Unusual” mostra que “unusual” (incomum, diferente, no inglês) é a melhor qualidade de Cyndi e é por isso que ela é uma imagem tão forte nos anos 80. As faixas em “She’s So Unusual” misturam rock, R&B, baladas românticas adolescentes, e trouxe hits irreverentes tais como, a balada romântica número 1 nas paradas americanas e indicada ao Grammy, “Time After Time” e ousados, como a faixa que fala de masturbação antes de Madonna falar de sexualidade e virgindade, “She Bop”. Cyndi tinha carisma e atitude, vencendo em 1985 o Grammy de melhor artista revelação, e recebendo indicações em outras categorias como Álbum do Ano. Colorido, pra cima, contagiante e a cara dos anos 80, são as características que melhor definem “She’s So Unusual” e toda excentricidade de Cyndi, que vendeu mais de 15 milhões de cópias do álbum, fazendo dele uma peça chave na história do pop.
Enfim, esta foi a segunda parte do especial que conta a história do pop através da história desses 50 álbuns que ajudaram a definir o gênero.
Divirtam-se! 😉
(Revisado e Adaptado)